Setembro Amarelo e a Prevenção ao Suicídio

Desde 2014, setembro é o Mês da Prevenção ao Suicídio. A campanha vem ganhando espaço na mídia, principalmente nas redes sociais. A ação foi criada visto o grande número de suicídios no mundo e a consequente necessidade de conscientizar a população sobre os transtornos mentais, uma vez que 96,8% dos suicídios estavam relacionados a eles. Dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, por isso a escolha desse mês. 

No Brasil, a data é organizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e visa trazer à tona a discussão sobre o tema, o ano todo. 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em mais 90% dos casos de suicídio, existe prevenção. Por isso a necessidade de informação sobre o tema! 

Urgência

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O suicídio é definido como o ato deliberado e executado pelo próprio indivíduo, de forma consciente, com a intenção de ser letal. É uma questão de saúde pública em todo mundo porque a tentativa de suicídio pode acarretar em sequelas graves e na morte do paciente. 

Como a esmagadora maioria da motivação das tentativas de suicídio está aliada a transtornos mentais, a profilaxia imediata é combater esses transtornos e, mais que isso, popularizar a necessidade de saber identificar e saber quando e qual ajuda buscar para com elas mesmas e pessoas de seu entorno.

Rede de Assistência

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A tentativa de suicídio é a consequência final de sintomas, muitas vezes silenciosos ou velados, que o paciente vinha passando. No Brasil, 17% da população já teve/terá pensamentos suicidas, 5% elaborou/vai elaborar um plano, 3% já tentou/vai tentar e 1% chega/vai chegar a ser atendido em pronto-socorro. 

A importância da campanha se estende para profissionais da saúde, uma vez que o primeiro contato com uma ajuda não será um psiquiatra nem um psicólogo e sim um funcionário dos serviços de pronto-atendimento que precisa identificar que o caso se externaliza de um “acidente” ou um ferimento pontual, e precisa saber encaminhar corretamente aquele paciente para um auxílio psiquiátrico. 

Além desses pacientes que chegaram a se ferir na tentativa e foram encaminhados para um pronto-atendimento, existem os potenciais suicidas que podem e devem ser auxiliados antes das tentativas e das possíveis lesões, por isso a necessidade de uma rede de assistência em todo o sistema de saúde. A OMS instaurou a meta de reduzir em 10% os óbitos até 2020 nos países membros. No Brasil, o Ministério da Saúde lançou uma agenda estratégica de prevenção com atuações nas mais diversas áreas.

Mitos

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Grande parte da conscientização consiste em romper com preconceitos e noções falaciosas sobre o suicídio. Alguns dos mais popularizados, listados na cartilha de prevenção ao suicídio da Central de Valorização da Vida

“O suicídio é uma decisão individual e consciente” 🡪 FALSO. Quase todos os suicidas estão passando por doenças mentais que alteram as percepções de realidade. Após realizar tratamento os impulsos suicidas desaparecem.

“Quando uma pessoa pensa em se matar, sofre esse risco para toda a vida” 🡪 FALSO. O risco desaparece com o tratamento da doença.

“As pessoas que tentam suicídio só querem chamar a atenção” 🡪 FALSO. A grande maioria dos suicidas fala e/ou dá sinais sobre suas ideias de morte.  

“Se uma pessoa deprimida pretendia se matar e, em um segundo momento, essa pretensão acaba, ela está fora de risco” 🡪 FALSO. Não significa que o problema se resolveu. Inclusive, esse alívio, ou calmaria, pode ser em detrimento de uma decisão de se matar.

“Quando uma pessoa tenta suicídio e sobrevive, ela está livre de perigo” 🡪 FALSO. O período após a tentativa é o mais perigoso. É quando o paciente está mais fragilizado e há grandes chances de uma nova tentativa.

“Não devemos falar sobre o suicídio, pois pode estimular” 🡪 FALSO. Conversar, ouvir, é uma forma de criar apoio e conforto no potencial suicida, além de ser o momento de identificar um problema.

“A mídia não pode abordar a temática do suicídio” 🡪 FALSO. O suicídio é um problema grave de saúde pública, por isso, a mídia tem a obrigação de informar a população sobre os riscos, prevenções e onde buscar ajuda.

Sinais

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O que cada um pode fazer para combater o suicídio é exercitar a empatia e o cuidado para observar o próximo e perceber quando estiver sob risco de suicídio. 

Os sinais não devem ser considerados isoladamente.

  • O aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de manifestações verbais durante pelo menos duas semanas. Geralmente, aqueles que tentam o suicídio falam sobre isso pelas duas semanas anteriores ao ato.
  • Falta de perspectiva com a própria vida. É recorrente que a pessoa sob risco de suicídio demonstra falta de esperança, tristeza, angústia. Além de falar recorrentemente sobre morte.
  • Falas que indicam intenções suicidas. Como: “vou sumir”; “vou deixar vocês em paz”; “vontade de dormir e nunca mais acordar”.
  • Isolamento.

É importante estar aberto a escutar pessoas em momentos depressivos, sem pressupor incapacidade ou banalizar o que pessoa está relatando; incentivar que a pessoa busque ajuda profissional; tirar do alcance da pessoa sob risco objetos e materiais que possam vir a ser meios que provoquem a própria morte; acompanhar a pessoa, manter contato. Caso acredite que a pessoa esteja sob perigo imediato, não a deixe sozinha.

Onde buscar ajuda?

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CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde).

UPA 24H, SAMU 192, Pronto Socorro; Hospitais

CVV (Centro de Valorização da Vida) 

TELEFONE: 188 (ligação gratuita, sigilosa, e 24h) Além de atendimento por chat, e-mail e presencial (buscar no site a localização mais próxima).

O suicídio é uma realidade que pode ser contornada por meio da informação e da não banalização dos transtornos mentais.